Sobre o Espaço Vitrine
O Espaço Vitrine Cultural e Solidária da Costa Verde foi a atividade mais abrangente, desafiadora e complexa do Circuito. Envolveu na sua elaboração, construção e operação, praticamente toda a equipe do projeto, dezenas de participantes, e outras dezenas de colaboradores voluntários, empresas locais e instituições apoiadoras.
Foi criado com o objetivo de dar visibilidade e promover o escoamento da produção de empreendedores e empreendimentos ligados à economia solidária, principalmente sustentáveis, produzidos nos 4 municípios da Costa Verde: Angra dos Reis, Mangaratiba, Itaguaí e Paraty. Originalmente previsto para acontecer no formato de Feira em praça pública, dentro do Festival que também contemplava apresentações artísticas, teve que ser repensado e adequado, dado às restrições de isolamento social advindas com a pandemia Covid-19. Aconteceu no formato Galeria, ocupando a casa sede da Associação de Moradores e Amigos da Ilha Grande – AMAIG, generosamente cedida ao projeto.
Realizado no período de 21 a 27 de março de 2021, na Vila do Abraão, porta de entrada da Ilha Grande, o Espaço Vitrine exibiu e comercializou produtos e serviços de mais de 60 expositores da Costa Verde, todos selecionados por chamamento público. Com a possibilidade de compra, inclusive com a moeda social do projeto, a Solidárias, produtos e serviços da agroecologia, do artesanato, da pescaria artesanal, do turismo, das artes plásticas, da música, da literatura, da saúde e bem estar, da gastronomia, dentre muitos outros ali expostos, foram escoados e ganharam novos lares. E seus fazedores conquistaram mais um canal de divulgação e comercialização. Canal este que se mantém aberto por meio do Catálogo Digital disponível aqui nesta plataforma do Circuito Fluminense de Cultura Popular e Economia solidária da Costa Verde – Etapa Ilha Grande.
Para chegar a estes resultados, a produção da Vitrine passou por várias etapas, diria- se até, bem desafiadoras. Primeiro, a identificação de um local de fácil acesso, com espaço e estrutura adequados para abrigar a Mostra com 60 expositores e, de preferência, que fosse custo zero, dada a limitação orçamentária do projeto. Foram várias as possibilidades levantadas, muitas reuniões com gestores locais, até que, depois de algumas negativas e poréns, Alexandra Campos, a produtora placa mãe do Circuito, e Dinha Dias, produtora e agitadora cultural da região, chegassem até o SIM do ilhéu Roberto Silva Chagas, o Bebeto da AMAIG, primeira parceria efetiva e afetiva da atividade. Prontamente, a Coordenadoria técnica Ilha Grande da Prefeitura de Angra dos Reis – CTAbraão, abraçou a idéia, dando todo apoio, assim como o parque Estadual da Ilha Grande, responsável pela área onde a casinha estava localizada.
Paralelamente a esta busca, Cláudia Andrade, profissional convidada para fazer a Curadoria, Direção de Arte e Gestão do Espaço Vitrine, ainda em Brasília, acompanhava virtualmente as opções, e elaborava o Edital para selecionar os expositores(as). Depois de muitas horas de trocas virtuais, inclusive varando madrugadas, com Alexandra, Dinha, a Professora Érica Mota, valiosa colaboradora voluntária de todas as ações do Circuito, e a artista e produtora Paloma Castro, mãe da nossa liderança mirim Iris, o eixo curatorial da Mostra e respectivos critérios de seleção estavam estabelecidos. Todos alinhados aos princípios que norteiam a economia solidária, a autogestão, a preservação do meio ambiente e o fortalecimento das culturas tradicionais – quilombolas, caiçaras, ilhéus, indígenas, etc.
Para se inscrever, os futuros integrantes que dariam vida à Vitrine, tinham que ser residentes e/ou estarem estabelecidos em um dos 4 municípios contemplados pelo projeto. Preferencialmente, de produção coletiva, autogestionária e solidária, cujos produtos e serviços estivessem vinculados às características culturais e ambientais típicas da região, transmitindo um diferencial de representatividade da Costa Verde. Estava vedada a participação de produtos e ou serviços terceirizados, ou industrializados em grande escala, ou ainda importados. Os múltiplos segmentos de atuação, assim como regulamento com condições e prazos, estavam elencados no formulário de inscrição, disponível em plataforma digital. Visto que o único espaço físico disponível não era grande o suficiente para receber 60 expositores, e ainda pelas restrições da Pandemia, a comissão organizadora optou em oferecer uma compensação financeira à eles, em troca de produtos e serviços a serem expostos.
Com as inscrições abertas no dia 06 de março de 2021, e amplamente divulgadas pelas ações de Comunicação do projeto, gerenciadas pelo designer e Assessor de Midias Sociais Alicio Gomes, vencia-se assim mais um desafio. Passávamos para o próximo: a reforma e adequação da “casinha”, em apenas 15 dias. Entra então uma equipe de artistas e profissionais locais e de outras regiões, trazendo seus saberes e expertises para enfrentar a empreitada. E põe desafio nisso!
A partir do conceito proposto pela Diretora de arte, que trazia uma visão cosmopolita policultural, adquirida em sua vivência profissional em várias cidades do Brasil e de outros países, a equipe, já com Cláudia in loco, iniciou os trabalhos. O artista caiçara Marcelo Júnior, conhecido como o Marcelo Rasta autor de vibrantes murais estampados nos muros da Vila do Abraão, criou e pintou a arte da fachada externa com elementos representativos da cultura local. Cláudia Mendes, carinhosamente chamada de Cida, empregou toda sua multi experiência como cenotécnica de grandes eventos carnavalescos e produções da TV Globo, para criar os espaços interno e externo. Assistida pelo artista ilhéu, Ângelo Bayma e pelo empreendedor criativo Carlos André, o Godoy, pintou o interior da casinha e construiu o mobiliário e estruturas expositivas, a partir de material reutilizado e reutilizável.
Diante da dimensão da ação, complexidade e curto prazo para execução, a proposta cultural e solidária da Vitrine, conquistou a equipe das outras atividades do Circuito, além de voluntários(as) e apoios de fornecedores e empresas locais. Todos arregaçaram as mangas e contribuíram com a mão na massa.
Da equipe local, Alexandra, Aline Rodrigues, Dinha, Flora Rangel, Paloma Castro e Priscila Brito, sempre presentes, estas poderosas mulheres conciliavam suas atividades com umas mãos de tinta aqui e acolá, lixando caixotes, limpando a área, correndo atrás de ítens para a reforma, trazendo idéias e atraindo novos parceiros e colaboradores voluntários. Assim como a equipe de fora da Ilha, composta pelo Coordenador Geral, Delmar Cavalcante, sua assistente Patrícia Mathias, e os gestores do PROFEC, Antônio Carlos Firmino, Cleide Duque e José Carlos Dionísio, também não ficou de fora e trouxe fermento para a massa. Mesmo à distância, estavam à postos nas articulações políticas e institucionais, agilizando as contratações e pagamentos e, sempre que necessário, saíam da capital fluminense para trazer material de consumo e mais um reforço na mão de obra.
Dentre os prestadores de serviços, fixos e eventuais, Isaac Neres e Washington de Almeida, nos atendendo prontamente com um largo sorriso e muita força nos braços para fazer os diversos carretos. Gil Del Carmo, grande parceiro de Mangaratiba, mobilizava seus contatos para identificar quem poderia nos atender em certas demandas. Numa delas, encontrou a jovem ilustradora Chel Lima que desenhou a logo da Vitrine, trazendo assim a identidade visual das peças gráficas e promocionais. À toque de caixa, a empreendedora local, Maria Isabel da Mabela criações, fez as impressões do banner e dos apliques das camisetas com a arte criada por Gil e sua equipe. Imediatamente, Olivinha Raimundo, artesã de mão cheia, topou dar o toque artesanal às Camisetas do projeto, costurando os apliques. O jovem badjeco Yuri Bayma, usou de suas habilidades artesanais para dar identidade caiçara ao banner da Vitrine, emoldurando-o com galhos de Guapuruvu, a árvore símbolo da nossa moeda social.
No time de voluntariado, Alex Roots, Amílcar Carvalho, Carla Cruz, Flor Villar, Jessika, Joana Verly, Liliana Jirasek, Liliane Gonçalves, Marcio Valeriano, Maria Luiza, Marilene Verly, Marineide, Mônica Lima e Natália, dentre vários outros amigos e amigas da turma, prestaram sua solidariedade e vestiram a camisa. Fosse buscando produtos no continente, ou emprestando equipamentos, prestando pequenos serviços de bricolagem, cuidando das crianças para que suas mães pudessem trabalhar, ou ainda alimentando nossas almas e apetite com um cafezinho quentinho, deliciosos pães e quitutes, e muita positividade, demonstraram não só amizade, mas sobretudo crença no sucesso do projeto. Servidores (as) e trabalhadores (as) da comunidade também deram uma mãozinha, usando o tempo livre para nos atender em demandas bem pontuais, como furar um buraco na areia, por exemplo, ou emprestar uma escada. União em prol de um bem comum.
Já nos apoios culturais, Mariana Neder e Claret abriram as portas da histórica “Nossa Casa”, onde muitas páginas do revolucionário jornal Pasquim foram escritas nos idos anos 70, para hospedar a valores sociais a Curadora e, com muita generosidade e paciência, abrigar várias das atividades de pré-produção do Circuito, com toda a parafernália envolvida, ocupando dias e dias as arejadas instalações da casa. Gerard da Creperia Tropicana, Malu do Pizza na Praça, Tati do Bardjeco e Xavier, do Ateliê Cafeteria, mantiveram a equipe alimentada patrocinando saborosas refeições. As lojas de material de construção do Kaka e do Idilio, para agilizar a produção, nos deixaram comprar fiado dando um belo desconto ao final. E, para conectar todas estas pessoas em suas ações que levariam a Vitrine ao Mundo, a Conect instalou e proveu o serviço de internet, gratuitamente.
Para registrar todas estas atividades, duas figuras muito especiais e fundamentais para a memória do Circuito, o fotógrafo paulista residente na Ilha Grande Juliano Januário, e o premiado fotógrafo e cinegrafista quilombola Mauro Galvão. Com suas lentes focadas no cotidiano deste rico processo coletivo, documentaram e revelaram em suas fotos, videos e entrevistas, toda a amorosidade e energia que ele emanava.
Enquanto a reforma acontecia, outro desafio a encarar: buscar nos 4 municípios da Costa Verde, os produtos selecionados virtualmente pela Curadoria, produzidos pelos artesãos, coletivos de economia solidária e comunidades tradicionais. Embora já tendo conseguido o apoio das Secretarias de Cultura de 3 Municípios para abrigar esta coleta, por questões de logística e segurança, a produção optou fazê-la de porta em porta. Dinha e Mauro, pegaram a barca, atravessaram o mar da Baía da Ilha Grande, e puseram o pé na estrada. Conduzidos pelo artista e produtor Erô Garcia, morador de Angra, a equipe foi na casa de cada um e cada uma, tudo em meio a um novo surto de crescimento da pandemia, mas sempre respeitando os cuidados e restrições. Somando à equipe, as fotógrafas e cineastas Aline Ferreira e Luiza Saad, ambas moradoras de Paraty, registraram estes emocionantes encontros com seus sensíveis olhares artísticos.
Ao mesmo tempo, sob o calor escaldante de fim de Verão, mas frente ao mar e debaixo de uma majestosa árvore que dava sombra às obras da Vitrine, Cláudia recebia os expositores e expositoras da Ilha Grande. Diante da beleza, diversidade e qualidade das criações que traziam para compor a diversidade da Mostra, a curadoria não foi nada fácil. Porém, gratificante e bastante animada, regada a muita troca.
A verba disponível para arcar com os custos de produção e pagar a compensação financeira a cada expositor(a), veio do recurso patrocinado pela SECEC-RJ, via Edital Retomada Cultural – Lei Aldir Blanc. Recurso este administrado com presteza e seriedade, por Cleide e Dionísio, membros da equipe do Circuito e representantes do PROFEC, o pai do projeto. Além deste aporte financeiro em reais, a Vitrine também contou com o lastro da moeda social para viabilizar várias outras demandas da produção. Mesmo muitas tendo sido atendidas de forma generosa e voluntária, o Circuito reconheceu e recompensou todos os esforços à ele dedicados com a moeda Solidárias. Assim, mais pessoas poderiam usufruir das delicias e maravilhas da Vitrine. Mais uma forma de fomentar e fazer girar a economia local.
Pois bem, depois de horas e horas totalmente dedicadas à negociações, limpeza, pintura, reparos, marcenaria, construção de estruturas, viagens de coleta, realização de pagamentos e muitas outras atividades, o esforço coletivo da equipe fez valer. No dia 20 de março a “casinha” estava totalmente transformada em um espaço expositivo e comercial. Manteve suas charmosas características caiçaras e ganhou um ambiente harmônico e funcional para acolher, em seus “18 metros quadrados”, a Galeria com todos os produtos e serviços representantes da produção de 60 expositores dos 4 cantos da Costa Verde. E foi assim que a “casinha” abriu as portas para o Espaço Vitrine Cultural e Solidária da Costa Verde entrar.
A operação e uma semana, supervisionada por Cláudia e Dinha, foi feita por meio de visitas mediadas, conduzidas pelas monitoras e atendentes Aline Rodrigues, Florência Villar, Gláucia Baur e Liliane Gonçalves, devidamente capacitadas pelo programa educativo do Circuito.
E assim, neste clima de cooperação e ambiente de Galeria, a Vitrine apresentou a centenas de moradores(as) e turistas, vindos das mais diversas partes do Planeta, a colorida mostra da rica e diversificada produção da região da Costa Verde, com informações sobre a procedência, história e contexto envolvidos. Deu escoamento aos produtos e serviços dos expositores que integraram a Mostra. Cumpriu seu papel, promovendo a articulação de relações de comércio solidário e constituição de redes de cooperação. Fomentou a economia local, movimentou toda uma cadeia produtiva da cultura popular e economia solidária, gerando postos de trabalho, renda e visibilidade aos seus produtores e produtoras.
Ao final dos 7 dias a exposição foi desmontada, inventariada e embalada para que o Comitê, constituído durante o Curso oferecido pelo Circuito, pudesse decidir coletivamente como dar segmento à este empreendimento solidário, que deixava um legado histórico para a região.
Para conhecer os expositores e expositoras da Vitrine, basta acessar nosso Catálogo Digital (COLOCAR HIPERLINK), produzido pela Aquela Empresa Criações e Produções e Zóio da Arte Produções. Nele você vai poder conhecer a história de vida de cada um e cada uma, apreciar o trabalho destas pessoas apresentado pelos coloridos mosaicos de fotos, e navegar pelas redes sociais individuais, acessíveis por links direcionados. Vai poder dar continuidade a esta ação de escoamento promovida pela Vitrine, comprando diretamente de quem faz, estimulando assim o consumo responsável, sustentável e solidário.
Deram vida à Vitrine: Aldeia Sapukai, Alexandra Campos, Aline Ferreira, Aline Rodrigues, Allexander Alberto, Andreia Assis, Angela Bayma, Aparecida da Silva, Bianca Pacheco, Bruna Freire, Bruno Fico, Carleando Índio, Chris Nogueira, Cinthia Keide, Cláudia Andrade, Cláudia Mendes, Daniela Bayma, Dina Feliciano, Dinha Dias, Eliane Fontella, Fernando Inácio, Gláucia Baur, Jane Garcia, Joana Verli, João Carlos Firmo, Josiele Marques, Juliana da Costa, Juliano Januário, Katia Rocco, Kildma dos Santos, Liliana Jirasek, Liomar Consuli, Lucas dos Reis, Luiza Saad, Marcelo Junior, Marcelo Firmino, Marcos Xavier, Maria Elena, Maria Fernanda, Maria Gorete, Maria Pereira, Marilda Caiares, Marilda de Souza, Marilene Verly, Marisa Coelho, Mauro Galvão, Mônica Lima, Nadege Núbia, Nancy Lino, Norma Christianes, Olivia Raimundo, Paloma de Castro, Priscilla Brito, Queila Lara, Rosângela Sardinha, Sabrina de Matos, Sabrina Kilme e Lucas Colares, Sandra Malvina, Sônia Araujo, Vânia Guerra, Vanildo de Oliveira, Vicente da Conceição, Victor Coimbra e Wander Marcílio. E todas as demais pessoas e instituições citadas neste descritivo da Vitrine e na nossa Ficha Técnica.